Os dados foram compilados num mapeamento e são essenciais para informar a realidade desse público
Ethinalia Soares e Reinaldo Avelar, chefes da Divisão de Igualdade Étnico Racial e Crença da SEMDHU.
O município de Paço do Lumiar será a primeira cidade do Maranhão a fazer sua Devolutiva do Mapeamento com Povos e Comunidades Tradicionais de Religião Matriz Africana. Para isso, a Prefeitura realizará um ato solene com a presença de representantes dessas comunidades para apresentar dados importantes sobre um estudo exclusivamente voltado para conhecer a realidade dos terreiros e famílias que fazem parte deles. O evento acontecerá dia 13 de abril, das 14h às 17h, no Terreiro de Mina Pedra de Encantaria (Ilé Axé Ata Olé), na Avenida 14 Qd.09, Nº 09
- Maiobão. A realização do mapeamento é uma antiga reivindicação dos Povos e Comunidades Tradicionais de Religião Matriz Africana de Paço do Lumiar, atendida agora na gestão da Prefeita Paula Azevedo. No inicio, o objetivo era saber o número estimado de terreiros no município. No levantamento feito pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos, por meio da Coordenação Sócioinclusiva/Divisão de Igualdade Étnico Racial e Crença, foram apontados 100 terreiros, mas por conta da pandemia do Covid, até o mome nto 60 foram identificados dentro do mapeamento e 48 tiveram questionários aplicados pelos pesquisadores.
No mapeamento, foram levantadas informações sobre a quantidade de pessoas que fazem parte deles, como crianças, jovens, adultos e idosos. Além disso, será possível saber quantas famílias tem aposentados e integrantes dependentes de benefícios como o bolsa-família e outros. Também foi aplicado um formulário para saber as demandas mais urgentes de cada comunidade. Por conta desse mapeamento, os povos e comunidades tradicionais de Religião Matriz Africana também puderam fazer solicitações de serviços e obras nos bairros e vilas onde residem. Demandas sobre pavimentação, iluminação pública e ações envolvendo a prestação de serviços de saúde foram oferecidos pela Prefeitura de Paço do Lumiar mediante as reivindicações apresentadas.
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E COMBATE AO PRECONCEITO
O levantamento também abrangeu aspectos sociais e econômicos. Por conta disso, os pesquisadores conseguiram identificar que os integrantes de terreiros contam com recursos próprios e de clientes dos serviços que oferecem. São esses recursos que auxiliam na realização de doações e ações sociais que distribuem comida, roupas e brinquedos nas comunidades em épocas de festejos populares das religiões de matriz africana. Pelo estudo, foi descoberto que mais de 2 mil pessoas fazem parte dos Povos e Comunidades Tradicionais de Religião Matriz Africana em Paço do Lumiar.
Já alguns terreiros contam com cerca de 30 a 40 anos de existência. Também foram relatados problemas com falas preconceituosas. "Isso é verificado justamente pelos comentários e olhares que fazem sobre os trajes que usam as comunidades tradicionais de Matriz Africana. Também tivemos um caso de um terreiro invadido que foi acompanhado pela Secretaria de Direitos Humanos de Paço do Lumiar", informa Ethinalia Soares, que ao lado de Reinaldo Avelar, são os chefes da Divisão de Igualdade Étnico Racial e Crença da SEMDHU. Segundo ela, as raízes dos terreiros de Paço do Lumiar, identificados no mapeamento são o Tambor de Mina, Candomblé (Predominância Casa Fanti), Terecó (raiz de Codó) e Cura e Pajelança. "Esse mapeamento é importante porque ele dará visibilidade aos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, assim como às demandas dessas comunidades", destaca Ethinalia Soares.
