Paula Azevedo é casada, mãe de 4 filhos, moradora da Pindoba, agricultora e prefeita reeleita de Paço do Lumiar. Nasceu no município de Bacabeira, em família humilde, de 13 irmãos.
TRAJETÓRIA E DESAFIOS: Após participar de sindicatos e liderar movimentos sociais, Paula Azevedo chega à prefeitura
Ainda na infância, Paula Azevedo enfrentou muitos desafios, porque precisava ajudar a cuidar dos irmãos e nos serviços de casa. "Minha mãe contava só com a gente; os filhos. Ela tinha um problema sério de saúde. Foi uma luta, mas ela sempre quis o melhor para os filhos e nunca desistiu. Eu aprendi a lutar, vendo a luta da minha mãe. Isso me tornou a mulher guerreira que sou hoje!".
Em busca de uma vida melhor, há mais de trinta anos mudou-se para Paço do Lumiar, onde seguiu trabalhando na agricultura. "Vim com meus filhos já todos crescidos. Eu e meu marido criamos eles com o suor do nosso trabalho. Não tive como estudar, porque trabalhava muito para ajudar no sustento de casa".
Em Paço do Lumiar, Paula Azevedo começou a participar de sindicatos e liderar movimentos que lutavam pelas causas sociais. O protagonismo sindical abriu as portas para a política partidária. Veio o convite desafiador para ser candidata a vice-prefeita. Quando assumiu o comando do município, muitos não acreditavam que uma agricultora daria conta do trabalho, mas ela não somente provou a capacidade, como conseguiu ser reeleita.
"Foi uma superação e nunca pensei em um dia ser prefeita de uma cidade. Comecei a participar nas associações de comunidade, trabalhei como voluntária e isso foi me dando oportunidade de participar das discussões sociais e comunitárias. Fui coordenadora de sindicato, dirigente da Fetaema. Aprendi com a experiência do dia a dia, na garra. Sempre tive muita empatia pelas causas dos mais necessitados, do trabalhador e das mulheres. Me dediquei muito e os movimentos sociais me ensinaram muita coisa que levo pra vida".
O cargo de prefeita não subiu à cabeça da agricultora familiar, que continua morando no bairro da Pindoba. Ela diz que o mandato é passageiro e que poderá olhar para trás e se orgulhar do legado que deixou para a cidade. "Nunca tive vaidade por ser prefeita, tenho meu pé no chão. Vou ter a honra de dizer que me superei e fiz o que pude, como prefeita. Sou otimista e nunca me acovardei diante dos desafios que a vida que ofereceu. Vejo todas as mulheres com a mesma capacidade e todas podem ser o que quiserem. Eu trabalho com o diálogo, com as proposições pelo bem em comum, tanto como ser humano quanto gestora. Na condição de representante do povo, a gente senta na mesa e conversa. Eu sei que muitas mulheres se espelham em mim, como gente, como amiga, como líder. Eu quero chegar mais adiante, com a ajuda de Deus e ajuda do povo do Maranhão. Não perco a fé em dias melhores".
Qual a sensação de ser a única mulher prefeita entre as maiores cidades do Estado?
Tenho a sensação de que estou realizando o trabalho mais desafiador da minha vida, até aqui. Sei da grande responsabilidade que tenho nas mãos e por isso dou o meu melhor todos os dias. Tenho aquele sentimento de mãe que cuida de um filho, sabe?!. Paço do Lumiar não é uma cidade simples de se administrar, porque tem muito trabalho a ser feito, apesar da gente já ter avançado muito nos últimos anos. Somos uma cidade com mais de 125 mil habitantes, o 13º maior PIB do Maranhão e um dos maiores polos agrícolas do Estado. Por tudo isso, nós estamos sempre em evidência. Seja pelo nosso tamanho e importância econômica, política e social, ou mesmo pelas cobranças da população, que tem toda razão em pedir as melhorias.
Que tipo de toque especial sua condição feminina promove em sua gestão?
Uma coisa que conta muito é a sensibilidade feminina, que é um diferencial em tudo que nós fazemos. Acho que a mulher é mais cautelosa, cuidadosa. Eu, por exemplo, gosto de ouvir muito as pessoas e valorizo o diálogo, inclusive com pessoas que discordam da minha opinião, porque faz a gente pensar e repensar. Só não gosto de ser desrespeitada. Acredito que a mulher tem um jeito especial de trabalhar, que é diferente. Nós não somos melhores que os homens, mas acho que somos mais detalhistas e mais diretas ao ponto. As mulheres fazem tudo com um toque especial.